Piercing – Por onde eu (re)começaria?
Se eu fosse começar no piercing hoje, com aquilo que aprendi em 15 anos (desde 2005), faria algumas coisas diferentes. Vou te contar.
Quando comecei, as coisas eram bem diferentes dos dias de hoje.
Principalmente no que diz respeito ao conhecimento, ainda mais para mim e tantos outros, no interior.
Os piercings que víamos eram pelo Orkut ou Fotolog, ao ver um microdermal fotografado, de um lado do rosto, eu ficava procurando a foto do outro lado para saber por onde aquele piercing havia entrado ou saído.
Como havia aprendido com um tatuador que fazia piercings e fiquei alguns anos com este conhecimento, até entender que se quisesse ganhar mais, ter reconhecimento e principalmente, sucesso em minhas perfurações – ou seja, perfurações cicatrizadas. Precisaria estudar, não bastava ficar vendo somente fotos no Orkut ou Fotolog.
Eu não fazia ideia que worshops existiam, então, falei com um vendedor de joias, que me indicou uma pessoa que ministrava um curso de 2 ou 3 dias. Lá fui eu fazer uma rifa para pagar pelo estudo. Depois deste workshop se abriu um mundo novo para mim. Descobri os motivos pelos quais algumas perfurações não cicatrizavam.
Era antissepsia errada, falta de esterilização, cuidados inadequados…
O primeiro ponto em que investiria seria em CONHECIMENTO.
Conhecimento de verdade.
Atualmente existe uma avalanche de informações, inclusive gratuitas, algumas são contraditórias ou excludentes entre si.
Caso eu não seguisse a linha de raciocínio de um profissional ou grupo com o qual me identificasse, poderia ficar perdido, sem saber qual alternativa escolher quando uma situação surgisse.
O que não quer dizer que eu beberia de uma única fonte ou ficaria bitolado. Pelo contrário. Aproveitaria a gama de oportunidades e canais para estudar o máximo possível, organizando os pensamentos, sugestões e dicas por tema, para quando fosse pesquisar, ir diretamente naquele tema e comparar as possibilidades. (Inclusive, isto é uma coisa que faço…)
Mas, de qualquer forma, não tentaria aprender “por conta”, sozinho e somente com conteúdos gratuitos.
Este tipo de conteúdo, usado separadamente de uma metodologia pode se um tiro no pé, pois parece grátis, mas custa o que temos de mais precioso.
O nosso tempo.
Temos acesso a muitas informações soltas. A mente fica como um quebra-cabeça de informações que somente um curso ou workshop poderia me ajudar a colocar em ordem – e separar o joio do trigo.
Inclusive, separar o joio do trigo é uma tarefa árdua para quem está começando agora, pois temos a divulgação por redes sociais, onde os números de seguidores e a beleza de fotos e vídeos pode impressionar um iniciante.
Então, eu tomaria muito cuidado quanto as minhas fontes de conhecimento.
Durante muitos anos eu sofri por não conhecer bons fornecedores de joias. Tinha problemas sérios, mas com uma causa bem simples, joalheria de procedência e matéria primas duvidosas.
Juro que se no início eu soubesse quão importante são o material, o formato e a medida das joias eu nunca teria perguntado para um colega “onde tem joia mais barata para comprar?”. Pelo contrário, minha preocupação seria “Onde tem joia de qualidade para comprar?”…
Hoje tenho a consciência de que quem paga pelas joias não sou eu e sim o meu cliente e que se quero clientes melhores, que pagam mais e valorizam meu trabalho, esses mesmos clientes querem profissionais mais qualificados, com joias de qualidade e que valorizam sua saúde.
Se pudesse voltar no tempo, com o que sei hoje, eu nunca teria trabalhado com uma joia folheada, banhada, com bijuteria passada no ródio… Ao invés disto, focaria em joias de titânio ou ate mesmo aço, com laudo e que eu conhecesse os fornecedores. Conversaria com os colegas de profissão para saber de suas experiencias com as empresas e escolheria a melhor, pois hoje eu sei que joia boa, na hora de comprar tem praticamente o mesmo preço de joia ruim, mas a longo prazo, joias ruins custam muito mais caro em relação ao prejuízo na cicatrização e na saúde dos meus clientes. E no meu nome, na minha reputação, muito mais…
Com relação as vendas de joias, evitaria ao máximo trabalhar com aplicação de joias de aço trabalhadas, dando preferência para joias ornamentais somente em titânios, pois a diferença na aquisição de ambas é praticamente irrisória, e o aço acabaria concorrendo com a venda de peças em titânio. Então teria 3 tipos de joias: Básicas no aço, básicas no titânio e adornadas em titânio.
Outra coisa que eu poderia evitar começando hoje com o que aprendi nesta jornada seria problemas com contaminações de equipamentos e joias. No ano de 2020 o mundo se tornou mais consciente sobre um termo que para alguns era quase supersticioso, a BIOSSEGURANÇA.
Eu colocaria como prioridade o aprendizado de boas praticas em relação a esterilização, antissepsia e desinfecção. Não contaria com a sorte ou usaria desculpas como “o cliente comeu carne de guaxinim” ou “o cliente colocou o dedo na perfuração no dia de lua minguante”.
Acompanhando vários casos de problemas com perfurações, percebo que a maioria dos problemas que tem a responsabilidade atribuída ao cliente, na verdade são equívocos básicos cometidos pelo profissional. E sim, me incluo, na turma que erra, aprende e tenta melhorar.
Um erro que com certeza não cometeria seria o de considerar autoclave como um item secundário. Na profissão do perfurador, autoclave é item de primeira necessidade. Hoje eu sei.
Quanto a parte legal e fiscal do estúdio, levaria tudo correto desde o início, pois, é mais fácil fazer tudo certo quando se começa do que tentar organizar depois que estamos maiores, com a agenda e a cabeça cheias. Isso é outra coisa que poupa tempo e a imagem de um profissional.
Existem muitas outras coisas que faria diferente. Aqui listei as principais. Se quiser me dizer o que achou deste texto ou dizer o que você faria diferente, eu estou sempre no instagram, sou o @Maxalvespiercer.